quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Maré

Não somos tão diferentes assim...
Procurastes em outras bocas meu ser
Procurei em outra boca o seu ser
E por mais que eu repita incansavelmente que não há engano...
Como se enganar lutando contra um sentimento maré que
tentei conter, guardar como sigilo doloroso e solitário?
E quantas vezes eu afirmar você negará
Porque não há verdade no seu dizer
Porque você se defende como porco espinho e sua carapaça espinhenta me fere
E cada vez que digo a mim mesma que vou desistir
Há aquele fio invisível que nos conecta
que não permite esquecer, sempre me solicitando
e eu vou... sempre irei... sempre

sábado, 17 de setembro de 2016

Oração de ateu

Um dia... quando nossas imagens transpassarem nossas retinas
e outros sentidos perceberem nossa (re)existência...
Para esse dia vamos rezar, acender vela, fazer macumba,
pedir aos deuses que tudo não passe de
um delírio romântico
um vazio semântico
um engano da mente
saudade inocente
que a dor não se torne maior
pra não corrermos perigo
de entrar outra vez num abismo
e assim tudo volta ao normal
o vazio entediante e sem prazer
o estável e sem brilho
muito menos emoção há de ter
muito menos iremos sofrer
pelo tempo perdido
no erro contido.

sábado, 10 de setembro de 2016

vôo

Alienada de minha potência criadora, de minha potência de vontade, modelo social que modela, mas não... não me encaixo, compreendo quase tudo e não aceito quase nada.
A arte é inútil só a quem interessa dominar.
Criar não! Reproduzir, submeter aos mandos, nas amarras do crédito.
Apostar no modelo de vida, de beleza, de obediência: obedecer e ter.
Posse como anestésico que cega e emudece, que aliena a alma.
É a dívida que detona o espírito criador.
Liberdade? Apenas um caderninho de inspiração pra ser guardado na gaveta ao lado do leito.
Nos agarramos à esperança mentirosa
Ou à uma mentira esperançosa
Como anestésico dessa dor maldita
e maldito são os dias em que as lágimas caem dos olhos.
Não aceito o que me nega, o que me aliena, o que me oprime.
Nego o que ameaça me engolir, me esculpir,
nego o que quer tirar de mim aquilo que na alma é meu estado de ser.
E então, imersa em minha dor como pepino em conserva acumulando azedume.
Olho pro horizonte as avessas e lá atrás o que vejo...
São retalhos do meu corpo outrora petrificado pelas sessões de choque depois que a música cessara
Então, peregrinando meu caminho de dor, fui recolhendo cada pedacinho meu
e em isolamento permaneço eremita, remendando, cosendo, cada parte num trabalho meticuloso...
permaneço costurando e em cada retalho, memória da minha vida e nem os olhos marejados embaçando a visão podem atrapalhar meu ofício tamanha determinação.
pareço estática, mas há combustão interna.
Algo renasce por dentro e não tardará o dia de bater asas e em momento sublime, em êxtase observarei do alto o imenso vazio de onde emergi e que outrora adentrei.
Agora percebendo sua pequenez. Porque o vazio tem dessas coisas de ser tão grande quando estamos imersos nele como quanto pequeno quando dele emergimos.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Echoes

As notas que ecoam
em meus ouvidos
Tecidas pelas suas mãos
Que um dia estiveram
A deliciar-se por minhas curvas
Mas por agora
deleite pros meus ouvidos
Vem romantizar...
Mergulha em mim
Um lampejo de delirio
Nesse vazio de solidão

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Prece tantrica (texto de Rosa Luz) ilustração (apenas Soul)



Vem... Amassa meu corpo contra o seu numa superfície qualquer!
Tanto faz se na vertical ou horizontal.
Desafia a lei da física de que 2 corpos não ocupam o mesmo lugar porque assim a gente desafia a lei da gravidade e levita.
Vem pra dentro de mim..vamos gerar calor e suor.
Queimar energia pq existe amor além da alma, Tesão.
Molha tua boca em mim.
Vem atuar no meu longa proibido pra menores.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guardado (texto de Rosa Luz)

Aquele beijo, seu gosto guardado preservado como santuário imaculado impressões na alma.
Poder explorar sua anatomia.
Ser absorvida por cada poro da sua pele,unindo a matéria conectando com o divino transportados pra outra dimensão.
Nada me concentra a não ser a vontade de te devorar!
Te dar de presente todo meu amor fazendo senti- lo com meu toque, te acolher no meu corpo imerso em mim em todas as coisas que guardei só pra ti.

domingo, 5 de junho de 2016

Correntes

Teço meticulosamente minhas amarras mantendo- me presa.
Mas o que ninguém sabe é que as correntes que venho tecendo resignadamente.
Serão usadas como cordas da minha libertação.
Com elas escalarei as paredes do calabouço o qual me submeti.

Sereia

Vago mergulhada em mar de solidão.
O meu canto de sereia inebriante e ensurdecedor.
Só preciso do beijo do amor verdadeiro pra quebrar o feitiço.
Talvez pela vontade dos deuses que eu não dizime esse amor com a minha loucura!

terça-feira, 3 de maio de 2016

Dentro

Agora as luzes acesas
Meia noite...Onde ficaram os sapatinhos de cristal?
Desde que a música parou começaram as sessões de choque.
Meu corpo ainda petrificado, procuro entender o que aconteceu.
Entre uma coisa e outra, vagas sensações de felicidade.
Tenho medo... de mim... porque minha alma não cabe mais nesse corpo rijo.
E o que esperar de alguém em momento de desespero e insanidade?
À procura de libertação da amarras impostas por si mesmo
Consegue me ouvir?
Quem está aí agora?
Me tranco na torre do meu castelo e cultivo resquícios de um passado distante presente.
Certifico-me se ainda respira e passo o dia a rodeá-lo...
Minha flor de dor!



segunda-feira, 18 de abril de 2016

Estesia

Vivo em estesia
Flutuo vagando pelo espaço
Imersa em um mar de sensações
Corpo e alma em simbiose
Em espiral multidirecional
Individualidade plural
Melodia no escuro: clarões mentais.


terça-feira, 5 de abril de 2016

A dor a dor...

No fim das contas o que restará?
Sempre coadjuvante nunca protagonista
Sempre à margem, à espera...
Apagadas as luzes, como um animal
Acuada, dedos apontados e só queria amor, amar...
Mas sua doçura é selvagem e não cabe em caixinhas
Incompreensão, nunca aceitação
Sem abrigo em constante cárcere de sua solidão

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Cárcere

Eu nem tive tempo de dizer,
Seu medo cala e castra...
Suas verdades prontas não cabem na realidade
Não na minha...
Eu pedi secretamente todas as noites pela sua presença
E há ainda muitas outras coisas que você nunca saberá
Mas profundamente pode sentir
E sem se permitir...
Pega estrada vagando pra longe de mim
E bem perto dos meus pensamentos
Num espaço em que é permitido
O encontro de almas vagantes e sedentas...
O medo torna a alma cativa...
Cela que entorpece os sentidos


quarta-feira, 30 de março de 2016

Amador...

É devastador viver na linha tênue do padrão social.
Castração...
Imerso num mar de sensações
percepções perpassando, transcendência...
Incerteza e beleza!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Antropometria

Externalizo a minha dor,
a derramo em palavras, grafia
Temo os sentimentos descongelando, paranoia...
Como trilha sonora favorita,
um segredo guardado...
Invade meu corpo, permeando os sentidos
Palavras são ineficientes, insuficientes,
seria preciso imprimir...
carne na carne
gosto, temperatura, aroma
tecendo sentidos, todos alerta...
Permiti que me cavassem a alma
Agora me recomponho, covardia
Só queria reviver, resgatar...
imprimir alma na alma!