sábado, 16 de abril de 2022

desenterrado morto

Cavou até as profundezas da alma, buscou aquele corpo pra respirar. Nos últimos suspiros agonizava numa morte lenta, dolorosa violenta.
As vezes são as pequenas dores que vão nos matando Len Ta Men Te... Ao passo que cutucam nossas feridas por prazer.
Mas quem se importa? Estão muito ocupados pra sentir.
Enterrada na dor deslizou para o vácuo e não havia nada nem ninguém somente sua antiga amiga dor, dor, dor, dormência dos sentidos.  Num ato torpe entorpecida na madrugada. 
Não podia, nem ser feliz, nem ser triste! Estava proibido ser. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Enterrado vivo!

Pensava obcecada naquele corpo e naquelas palavras e corria em círculos para ver se afastava os pensamentos.

Sonhou com aquele corpo e suas palavras, ela esperava, ,mas o dia chegava e ele não conseguia chegar. Chegou!  Já era noite, ele dormiu. Ela repetia pra si "Vai passar". 

Ele a empurrou pra fora e fechou a porta, a deixou no frio pra esquecer. 

Ficou em conserva, mas era vinho criando sabor. 

Ele disse tantas coisas querendo dizer nada, porque eram apenas palavras. 

Mas o que queria dizer com tudo aquilo? Quis dizer nada ele não se importava, a empurrou pra fora e fechou a porta. 

Então peregrinando seu caminho de solidão procurou um corpo pra velar... chorou o luto por 365 dias e 365 noites

Procurava aquele corpo para velar... não encontrou, procurou por mais dias a fio e então teve a mórbida ideia de enterrá-lo vivo... mas era vinho e faltava muito para virar vinagre

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Seus passos

Eu ouvia seus passos cada vez mais distantes enquanto sangrava e tentava sozinha estancar a ferida. 

Uma melodia invadia meus sonhos, eu acordei assustada a noite procurando por você.

Elaborei imagens mentais, conversas mentais, corri em círculos para afastar o pensamento. Esquizofrenizei no quarto, criei um mundo paralelo. Então não ouvia mais seus passos, fiquei só, totalmente só!
Como faz pra afastar o que tá dentro da gente? Você me ensina?

Limpei meus olhos, ergui a cabeça, tentei mirar o horizonte sem olhar pra trás, pra não virar estátua de sal. Vez ou outra vinham as imagens mentais e as conversas com fantasmas, fingi não ouvir digladiando com meu eu. Menti pra mim mesma me convencendo de ser capaz de te afastar. Afinal, não ouvia teus passos, você tinha ido. Mas eu não deixava você ir! Limpei meus olhos, mirei o horizonte, segui,tomei meus psicotrópicos, abandonei os vícios, fiz dieta, dancei, toquei, cantei, desenhei, purifiquei, meditei, me exercitei,segui em frente não cheguei a lugar algum. Lá estava eu correndo em círculos pra afastar os pensamentos. Dei uma trégua, confiante de que agora ia passar. E ia mesmo! 
Não passou...não passa. 

Estou aqui 9 meses depois nascendo de novo, elaboro imagens mentais, conversas mentais acho que vou correr em círculos pra ver se afasto o pensamento. O que você acha?


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Sequestro de vida

Sonho com o dia em que eu possa me deparar com a sua imagem, seu corpo repousando no sofá vulnerável em sono, singelo... não mais como um devaneio de uma mente barulhenta, mas um corpo que eu possa tocar acordada e lúcida ou apenas contemplar.
Te contemplar imerso em suas leituras distante mente permeando platonicamente os conceitos acadêmicos do texto e então te interromper beijando sua nuca e te deixar de novo imerso em seus pensamentos, te roubar por alguns segundos porque você estará lá.
Apenas me lembro como você manejava bem os talheres com a mão esquerda mesmo sendo destro, mas são só lembranças, queria observar de novo...
Observar seu corpo passeando pelo espaço físico no cotidiano banal de qualquer casal, um duo conectados fisicamente.
Me saber observada pelos seus olhos e fingir não saber, então te seduzir a me cooptar, me sugar pra dentro dos seus braços e te tragar pra dentro de mim, união da carne. Levitar em espasmos.
Escutar seus solos de guitarra interrompendo a minha leitura, meu ofício, inspirando meus planejamentos de aula.
Lavar o quintal e tomar banho de mangueira ou sair cedo pra cachoeira e fazer um remake dos tempos remotos.
Discutir com você por qualquer divergência.... por que nem tudo são flores... e tudo bem.
Rir das suas piadas inteligentes e criar novas piadas internas.
E brincar de seduzir e xavecar... e inventar mil mundos...
Ir à manifestações porque você sabe né? #elenão e fugir do gás lacrimogênio e se esconder em um beco longe da multidão, espremidos em um canto qualquer , pele na pele, cena de cinema...
Fazer experimentos em arte e filosofar nossas criações, refletir, alimentos pra alma. Talvez uma releitura de Yves Klein nos lençóis, estampando com suor a dois, imprimindo carne na carne.
Mas a distância me cega...e ao mesmo tempo conduz em imagens mentais que não se concretizam.
Continuar tudo que não terminamos...dar play no que ficou pausado no tempo...
Como pode? Como você pode estar tão vivo dentro de mim? Disparate... eu te espero, sempre esperei...mas não demora... vem!




sábado, 23 de maio de 2020

Em frente...

Vejo mensagens criptografadas pela sua mente... Pode ser pretensão minha me encaixar nesses micro enredos... Nunca saberei...


Tenho refletido muito em.solidão... O amor não é pra mim... Talvez eu.não mereça... Talvez não haja parceria e poesia pra mim...


Talvez um solo monocromático... Sigo a caminho do fim... Loba solitária... Sigo... Simplesmente sigo em frente. Vez ou outra olho para trás mas rapidamente miro novamente o horizonte a frente e a tempo de não virar estátua de sal.


Embora a doçura tenha ficado pra trás. É do amargo que agora provo. Sigo solo...solo yo y mi pasos...



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Nós emaranhados

Não é preciso vir aqui pra arruinar meu mundo...
Ele desmoronou no dia em que dei falta de Thi.
Todos os dias eu caminho moribunda pelos destroços perambulando pelos estilhaços do que um dia chamamos par.
Assim vou cosendo fio a fio invisíveis conectando nós. Tecendo sons e nós na trama virtual do que restou.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Sem título

Espasmos mentais
Pensamentos regurgitados numa indigestão verborrágica.
Retorno ao corpo enquanto as palavras gritam em minha mente inquieta.
O mundo pesa sobre as costas num corpo exausto que não acompanha as inquietações mentais.
Algum impulso lúbrico morre antes que a sinapse se complete.
Ainda existe aquilo mesmo quando não está visível. Existência invisível.
O ranger dos dentes na noite passada... Espaçada... Resulta nos músculos tensionados... Apertados... Sentimentos esmagados.